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Nunca algo semelhante havia acontecido na história de Portugal ou de qualquer outro país europeu.
Em tempos de guerra, reis e rainhas haviam sido destronados ou obrigados a se refugiar em territórios alheios, mas nenhum deles foi tão longe quanto o príncipe regente dom João, forçado a cruzar um oceano com toda a família real portuguesa para viver e reinar do outro lado do mundo, enquanto as tropas do imperador francês Napoleão Bonaparte marchavam sobre Lisboa.
Milhares de pessoas o acompanharam na viagem.
Foram cem dias entre o céu e o mar, em navios improvisados, abarrotados, infestados de pragas e piolhos, sem conforto algum.
Ao chegar ao Brasil, dom João determinou, entre outras medidas, a abertura dos portos, fundou escolas, mandou construir estradas e fábricas, autorizou a publicação de livros e jornais, incentivou a ciência e as artes.
Ao retornar para Portugal, em 1821, deixava para trás um país transformado e pronto para a Independência.
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O destino cruzou o caminho de dom Pedro em situação de desconforto e nenhuma elegância.
Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30 de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga.
A causa dos distúrbios intestinais é desconhecida.
Acredita-se que tenha sido algum alimento malconservado ingerido no dia anterior em Santos, no litoral paulista, ou a água contaminanda das bicas e chafarizes que abasteciam as tropas de mula na serra do Mar.
A montaria usada por dom Pedro nem de longe lembrava o fogoso cavalo alazão que, meio século mais tarde, o pintor Pedro Américo colocaria no quadro Independência ou morte, a mais conhecida cena da Independência do Brasil.
Uma testemunha, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, se refere a uma "baia gateada".
Outra, o padre mineiro Belchior Pinheiro de Oliveira Melo, cita uma "bela besta baia".
Em outras palavras, um animal sem nenhum charme, porém forte e confiável naquela época de caminhos íngremes, enlameados e esburacados.
Foi, portanto, como um simples tropeiro, coberto pela lama e pela poeira do caminho, às voltas com as dificuldades naturais do corpo e de seu tempo, que dom Pedro proclamou a Independência do Brasil.
A cena real é bucólica e prosaica, mais brasileiras e menos épicas do que a retratada no quadro de Pedro Américo.
E, ainda assim, importantíssima.
Ela marca o início da história do Brasil como nação independente.
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Nas últimas semanas de 1889, os tripulantes de um navio brasileiro ancorado no porto de Colombo, capital do Ceilão (atual Sri Lanka), foram pegos de surpresa pelas notícias que chegavam do outro lado do mundo.
"Brasil República...", anunciava o telegrama recebido pelo almirante Custódio José de Mello, comandante do cruzador Almirante Barroso.
"Bandeira mesma sem coroa...", acrescentava a mensagem.
Despachado do Rio de Janeiro, o telegrama só confirmava os rumores que a tripulação tinha ouvido na escala anterior, na Indonésia.
Dizia-se que o governo do Brasil havia sido derrubado.
Mais do que isso, o país passara por uma drástica mudança de regime.
O Império brasileiro, até então tido como a mais estável e duradoura experiência de governo na América Latina, com 67 anos de história, desabara na manhã de 15 de novembro.
A Monarquia cedera lugar à República.
O austero e admirado imperador Pedra II fora obrigado a sair do país.
Vivia agora exilado na Europa, banido para sempre do solo em que nascera.
Enquanto isso, os destinos da nova República estavam nas mãos de um marechal já idoso e bastante doente, o alagoano Manoel Deodoro da Fonseca, considerado até então um monarquista convicto e amigo do imperador deposto.
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